3 de abril de 2015

O PODER DE ACREDITAR EM SI MESMO...


O PODER DE ACREDITAR EM SI MESMO...

Esses dias estava pensando em uma situação que aconteceu comigo durante o período em que estava na Escola da Polícia e os professores acabaram com a gente naquele dia de tanto treinar. Treinamos quase como atletas profissionais. No final da aula um dos professores disse que poderíamos ainda dar mais de nós. 
     No primeiro instante eu pensei:

     "Esse cara só pode estar louco, nem sei como aguentei até aqui..."

     E para piorar a situação, ele fez uma espécie de campeonato para nos motivar.
     Durante o sorteio, cai contra um dos alunos que tinha um dos melhores condicionamentos físicos do grupo. é lógico que eu já imaginei que a Lei de Murphy estava à mil por hora naquele momento, pois não bastava ter que enfrentar uma pessoas que mesmo em situações normais me venceria, teria que ser em um momento difícil e extremamente cansado como aquele.
     Como boa parte das pessoas fazem, pensei em desistir, afinal, estava muito cansado, não estava valendo nenhum campeonato mundial, era simplesmente uma batalha de egos que se eu vencesse não ganharia nada e se eu perdesse meus companheiros tirariam sarro de mim e acabaria por ali.
     Eu estava diante desses momentos em que humanamente você não ganha nada, mas sabe que precisa dar o seu melhor.
     Apesar de ser péssimo em contas, fiz meus cálculos com as probabilidades de vencer o Ralf, confesso que o resultado foi decepcionante. Tenho certeza que se tivessem feito um bolão Zimichut X Ralf, até mesmo eu (pela lógica) votaria nele. 
     De repente, veio uma luz...

     "Se eu tentar vencê-lo nas condições que ele impor, realmente vou perder, mas e se eu impor as minhas condições..."

     A disputa era a seguinte: Tinha que dar uma volta no campo de futebol, quem chegasse primeiro venceria.
     Meu primeiro obstáculo não era o Ralf, era meu corpo cansado, eu mal estava andando, então, não conseguiria correr rápido o tempo todo, dos 800m que tinha a pista, meu foco tinha que ser nos 300m finais.
     Deixei ele ir na frente e fui correndo sem pressa, ele seguiu no ritmo forte que estava acostumado. O Ralf começou correndo e olhava para trás para se certificar que eu não o estava acompanhando (e não estava mesmo) ele estava a 200 metros de vantagem e faltando 100 para a chegada. Quando ele achou que já tinha vencido a corrida, pois não estava mais olhando para trás, confiante da vitória, tendo a certeza absoluta que eu não o estava acompanhando, dei o sprint final, corri como um louco, acreditando cegamente que venceria, não olhei para o meu adversário, não olhei para meus companheiros que me denunciaram torcendo por mim naquela arrancada desesperada rumo à vitória, apenas foquei na falha dele e no meu objetivo.
     Perdi a corrida, mas perdi por poucos centímetros de diferença, perdi com aquela sensação que dei o meu melhor para vencer, e poderia ter vencido se estivesse em melhores condições físicas, mas não me preocupei com isso, pois aquele dia foi um dos únicos dias que nosso professor me elogiou, não porque eu quase venci uma das pessoas mais bem preparadas fisicamente da turma, mas porque não deixei ser derrotado por mim mesmo.
     Depois de ter terminado a corrida percebi que nunca disputei nada contra o Ralf, disputei contra mim mesmo, eu tinha colocado uma barreira psicológica entre eu e o objetivo do treino. Como eu falei em meu livro "O Vendedor de Esperanças", não existe adversário grande ou pequeno, o que existe é falta de estratégia, saber o momento de agir. 
     Sempre nos depararemos com pessoas melhores em algumas áreas que nós, a vida é assim, porém, quando temos a estratégia certa, sabemos esperar o momento ideal para correr como nunca corremos, esse momento passa a ser eterno em nós, não é vencer, é se entregar contra a derrota. Eu perdi a corrida, mas em nenhum momento eu, e nem mesmo meus companheiros me olharam como um derrotado.
     É engraçado que no meu quadro de medalhas, só tem uma medalha de bronze, as demais são todas de ouro ou prata, mas a de bronze foi tão suada, dei tanto de mim que sai carregado pela torcida que tinha sido expulsa da quadra por causa do melhor jogo que teve nos jogos. Essa é a medalha que diz quem sou, às vezes campeão, outras não, mas em todas as situações sou aquela pessoa que nunca deixa de desistir e ter uma estratégia para buscar ser melhor do que eu era ontem.

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